“No final, compreendi
que ser uma mulher
é uma luta sem fim
para viver e ser livre.”
(Joi Barrios[¹])
Um assunto pouco tratado na grande mídia em geral, mesmo sendo um gigante atentado contra os direitos humanos, é a questão do “estupro corretivo”. Termo esse que serve para referir-se à ação de estuprar e torturar uma lésbica com o intuito de “corrigi-la” tornando-a heterossexual, uma “mulher”. E, infelizmente, essa prática está configurando-se como recorrente na África do Sul, dado a infeliz freqüência com que ocorre e a negligência das autoridades.
Os dados são alarmantes. Uma ONG local que trata da questão, a Luleki Sizwe, registrou mais de um caso por dia além da completa apatia policial e governamental perante a situação. No ano de 2008, Eudy Simelane, jogadora da Seleção Feminina da África do Sul e militante contra a homofobia, foi encontrada parcialmente vestida, violentada sexualmente e esfaqueada por uma gangue. Quatro dos responsáveis pelo caso foram julgados; dois condenados a prisão e dois inocentados. Ano passado, Millicente Gaika foi estrangulada e estuprada durante 5 horas seguidas.
Além desses casos, em que sabemos o nome e o rosto da vitima, existem outros numerosos que não são noticiados ou mesmo registrados, já que outra prática recorrente é ter seu registro de ocorrência negado em delegacias. A emissora “Sky News” escutou diversas vitimas e mulheres: todas dizem conhecer ao menos uma pessoa que foi vitima do estupro corretivo e afirmam categoricamente que quem se afirma lésbica corre grandes chances de ser morta.
É uma tragédia humanitária, em especial pela denominação de “Nação arco-íris” cunhada para a África do Sul, por ser considerada pela mídia e governos do mundo uma região com a capacidade de aceitar diferenças, mas que apresenta ironicamente os maiores índices de violência contra as mulheres e LGBTTT;
Frente o descaso da grande mídia em noticiar os casos e, sobretudo dos governos, um grupo “AAVAZ.org- O mundo em ação”, que tem por intuito levar através da internet a opinião publica à política global, desenvolveu uma petição online que será entregue ao presidente Zuma e seu primeiro ministro Radebe (ao completar 750,000 assinaturas e já existem cerca de 618,952), exigindo que se considere o “estupro corretivo” e a homofobia um crime de ódio, sua condenação e aplicação imediata de medidas contra a prática, tal qual educação e proteção às vitimas:
É uma tragédia humanitária, em especial pela denominação de “Nação arco-íris” cunhada para a África do Sul, por ser considerada pela mídia e governos do mundo uma região com a capacidade de aceitar diferenças, mas que apresenta ironicamente os maiores índices de violência contra as mulheres e LGBTTT;
“Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler. Surpreendentemente, um quarto das meninas sul-africanas são estupradas antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a fazer sexo não é um ato de violência), pobreza, ocupações massificadas, desemprego, homens marginalizados, indiferença da comunidade — e mais do que tudo — os poucos casos que são corajosamente denunciados às autoridades, acabam no descaso da polícia e a impunidade.[²]”
.Frente o descaso da grande mídia em noticiar os casos e, sobretudo dos governos, um grupo “AAVAZ.org- O mundo em ação”, que tem por intuito levar através da internet a opinião publica à política global, desenvolveu uma petição online que será entregue ao presidente Zuma e seu primeiro ministro Radebe (ao completar 750,000 assinaturas e já existem cerca de 618,952), exigindo que se considere o “estupro corretivo” e a homofobia um crime de ódio, sua condenação e aplicação imediata de medidas contra a prática, tal qual educação e proteção às vitimas:
Dezenas de perfis de redes sociais, twitter, listas de emails, blogs, têm divulgado esse abaixo-assinado e felizmente a cada dia mais pessoas tomam ciência desse crime hediondo e engrossam o número dos que são contra a prática. Essa é uma luta de responsabilidade global, tanto no que diz respeito a denunciar e divulgar os casos, quanto conscientizar a respeito dos danos do machismo e patriarcado para nossa sociedade e cobrar medidas punitivas aos criminosos.
Por isso pedimos a todos que assinem a petição, que divulguem em suas listas de e-mails, páginas pessoais e similares, e que deixem claro os problemas de continuarmos vivendo sob um regime patriarcal.
Lembrando, também, que devemos, cotidianamente, lutar contra essas situações e que nossa rubrica não pode de maneira alguma nos aliviar a consciência, ou nos ausentar da luta.
[¹]Joi Barrios é uma escritora e ativista filipina. O Título original do poema é "Ang Pagiging Babae Ay Pamumuhay sa Panahon ng Digma"
[²]Recebemos por e-mail o texto da Avaaz, Pare o estupro corretivo. Você pode lê-lo na íntegra em: http://va.vidasalternativas.eu/?p=3000, Acessado em 30/01/2011
[²]Recebemos por e-mail o texto da Avaaz, Pare o estupro corretivo. Você pode lê-lo na íntegra em: http://va.vidasalternativas.eu/?p=3000, Acessado em 30/01/2011
Abracei a causa!
ResponderExcluirAdorei o blog!
Parabéns!
Tema muito importante! Tenho uma amiga egípcia que trabalha na Avaaz e por sinal está agora envolvida nas manifestações para redemocratização do Egito e, segundo ela, esse é um problema que a África inteira sofre atualmente. Merece ser divulgado e protestado com certeza.
ResponderExcluirparabéns, de verdade, pela iniciativa do blog de levar essa causa, muitas vezes desconhecida e prejulgada, que é o feminismo, ao acesso de muitas pessoas. e especialmente pelos textos muito bonitos. vocês têm, com certeza, o meu apoio!
ResponderExcluirJá conhecia a causa, parabéns pela divulgação!
ResponderExcluirMe assusta pensar que talvez o Brasil não esteja com um quadro tão diferente da África do Sul nesse aspecto. Não em questão de porcentagem de estupros com este caráter, pois não vi nenhum estudo nesse sentido, mas consigo pensar nas diversas vezes em que ouvi comentários sobre a homossexualidade feminina ser devido, em termos xulos e fidedignos, "à falta de um bom p....".